A sociedade de gestão
de fortunas de Michel Canals nasceu em Genebra, mas seria tão helvética como os
pastéis de nata. Qual é o rasto português seguido pela Operação Monte
Branco?
Por Miguel Carvalho com Paulo Pena
25 de Julho de 2014
Artigo
publicado na revista VISÃO de 31 de Maio de 2012
O suíço detido em
Portugal por suspeita de operar uma rede que promovia a fraude fiscal e o
branqueamento de capitais teve os seus dias de ouro antes de criar a Akoya
Asset Management, em Genebra.
Quadro superior da
União de Bancos Suíços (UBS), Michel Canals reinou durante décadas como diretor
sénior para o mercado português. Entre outras coisas, isso significava ter à
sua volta uma valiosa equipa de private bankers (entre dez e uma dúzia) e gerir
cerca de 8 mil milhões de euros de clientes portugueses.
Naquele pelouro
dourado, o banqueiro cuidou, também, das fortunas e aplicações de clientes
angolanos, sobretudo da órbita dos homens do regime, embora, neste caso, não
existam estimativas sobre os valores.
Michel Canals era,
pois, uma mina ambulante para quem desejava acolchoar as suas poupanças e
dividendos fora do território nacional. Em Lisboa ou Luanda, passeava-se nos
corredores e gabinetes VIP com certo à vontade, mas sempre delicado, discreto e
diplomata. "Conhecia de trás para a frente todas as figuras poderosas e
influentes. Não existe um banqueiro português que não saiba quem ele é",
assegura um antigo administrador de uma instituição financeira que com ele
privou.
A crise do subprime e
a derrocada da UBS em Wall Street, em 2008, terminaram abruptamente com este
idílio. Mas nem por isso Michel e os seus mais próximos deixaram escapar um
lamento.
Afinal, saíram pela
porta grande, levando para casa chorudas maquias à conta de rescisões
amigáveis. A Akoya, gestora de fortunas sobre a qual incide a investigação
portuguesa, nasceu logo a seguir, em 2009.
Esta empresa tinha os
seus alicerces assentes na fama, experiência e contactos milionários de Michel
Canals. O suíço compôs, então, um afinado trio de acionistas recorrendo a dois
ex-colaboradores da UBS: Nicolas Figueiredo e José Pinto, também arguidos no
processo que corre no Ministério Público. A crise nos EUA e a fuga de clientes
em massa daquela instituição financeira, receosos da quebra de sigilo bancário,
fizeram o resto. Para a Akoya avançar firme e segura, faltava apenas "um
partner rico".
Segundo fontes ligadas
à investigação e ao setor financeiro, Canals tê-lo-ia encontrado na Espírito
Santo Commerce (ESCOM), empresa detida, à época, pelo grupo de Ricardo Salgado.
"Canals e os seus sócios ficaram com 30% e a ESCOM com 70% do
capital", referiram à VISÃO.
Isto mesmo, de resto,
foi plasmado há dias, de forma desassombrada, no blogue Arma/Crítica, de João
Rendeiro, especialista em mercados internacionais.
"A Akoya foi
fundada por Michel Canals e os seus dois ex-Directores de private banking da
UBS. Fizeram um acordo de associação com a ESCOM detendo os três sócios
gestores 30% do capital", escreveu, a 21 de maio, o antigo presidente do
Banco Privado Português (BPP), por cuja polémica falência responde ainda hoje
nas instâncias judiciais. Rendeiro admite, também, serem "muito
baixas" as estimativas sobre o volume de dinheiro português que estaria a
ser gerido pela Akoya, a rondar mil milhões de euros.
No entanto, a história
da associação a Canals é desmentida de forma categórica pela ESCOM à época
sediada na Holanda.
Através da Cunha Vaz
& Associados, consultores de comunicação da empresa, o presidente Hélder
Bataglia apenas reconheceu ter mantido contactos com o suíço a título
particular. "O senhor Canals estava cotado internacionalmente, vinha
referenciado e recomendado como pessoa séria na área da gestão de ativos, e
propôs ao dr. Bataglia uma boa aplicação financeira no exterior através da Akoya",
explicou António Cunha Vaz à VISÃO, sem conseguir precisar, no entanto, a data
em que tal ocorreu. "É possível que, confiando no prestígio de Canals como
gestor de fortunas, o dr. Bataglia tenha feito algum negócio ou uma boa
aplicação na Suíça, mas isso é assunto do seu foro privado. Nem toda a gestão
de ativos é ilícita ", esclareceu.
O chairman da ESCOM,
empresa vendida, no ano passado, pelo Grupo Espírito Santo (GES) à petrolífera
estatal angolana Sonangol, não se recorda de ter conhecido os outros sócios do
suíço. Quanto ao artigo publicado pelo fundador do BPP no seu blogue, "não
oferece credibilidade", atira Cunha Vaz. "Mantenho tudo o que
escrevi", assegura João Rendeiro, escusando-se, porém, a prestar mais
declarações sobre o tema.
BATAGLIA, A ESCOM... E
O MUNDO
Hélder Bataglia dos
Santos será desconhecido da maioria dos portugueses, mas faz milagres em Vieira
de Leiria, freguesia onde nasceu o seu pai. O filho tem agora o nome numa
placa. Na terra, vivem ainda alguns familiares e a população engalanou-se para
recebê-lo, a 24 de julho do ano passado. Nesse dia, Bataglia decidira acudir
aos utentes do centro social e paroquial numa hora difícil: através da Fundação
ESCOM, cuja missão é promover o mecenato e causas sociais, entregou á
instituição 400 mil euros destinados a obras de remodelação. Perante a dádiva,
até a companheira do empresário, Rita Galliani, teve direito a um pátio
batizado com o seu nome em azulejo. "É da responsabilidade de todos os que
podem, serem solidários. Só assim teremos sociedades mais justas, equilibradas
e que dão resposta a problemas sociais", disse Bataglia, na ocasião, sem
que alguns dos presentes pudessem conter as lágrimas diante da aparição do
benemérito.
O caso nem sequer é
virgem, pois os bombeiros de Vieira de Leiria também têm caído nas suas graças.
À custa disso, até já foi comprada uma ambulância.
Tempos e gestos a
fazer lembrar uma outra figura emoldurada nas memórias de Vieira de Leiria:
Lúcio Feteira, o milionário das limas e da Covina que teve contas na Suíça geridas
por... Michel Canals, de cujos valores Duarte Lima é suspeito de se ter
apropriado em parte, conluiado com o suíço da UBS.
Tal como o industrial
de outros tempos, Bataglia tem o mundo aos seus pés.
Se não é assim,
parece. Nascido em Portugal, tinha meses quando foi parar a Baía Farta, no
Namibe, Angola. Fez o serviço militar em Cabinda, especializando-se nas ações
psicológicas. Estreou-se nos negócios em 1972, em Benguela, a vender produtos
alimentares e na seca do bacalhau.
Após a independência,
e durante uma década, foi comerciante no Médio Oriente. Os anos 80
trouxeram-lhe pontes para os mercados de Leste e, em 1992, ligou-se ao banco de
Ricardo Salgado, criando a sub-holding Espírito Santo Commerce, em estreita
colaboração com Luís Horta e Costa, seu braço direito.
Por uma soma que terá
oscilado entre os 400 e os 500 milhões de euros, a Sonangol -acionista de peso
do BCP, da GALP e da Amorim Energia -adquiriu a ESCOM ao GES, em 2011. Bataglia
ficou com 10% do capital e manteve o comando do grupo. O investimento foi
conduzido por Manuel Vicente, o homem que, já este ano, deixou a liderança da
petrolífera para se tornar ministro de Estado e da Coordenação Económica e
provável sucessor do Presidente José Eduardo dos Santos. O "n.° 2" do
regime foi recentemente associado a suspeitas de peculato e branqueamento de
capitais, na sequência de uma investigação do conhecido jornalista angolano
Rafael Marques.
A ESCOM mantém
especiais interesses nos recursos naturais angolanos. Associada a russos,
chineses e parceiros locais (entre os quais o grupo GEMA, de José Leitão,
antigo chefe da casa civil da Presidência), gere negócios nos setores do gás,
petróleo, agricultura, energia, mineração, imobiliário, diamantes e obras
públicas.
Bataglia é ainda
administrador executivo do BES Angola, de cuja estrutura acionista fazem parte
Isabel dos Santos, a poderosa filha do Presidente, e a Portmill, holding ligada
a Hélder Dias Vieira, mais conhecido por Kopelipa, antigo general e chefe da
casa militar da Presidência, cujos investimentos no Douro têm dado brado.
O banco era, até há
pouco tempo, presidido por Álvaro Sobrinho, agora suspeito de participação num
esquema de lavagem de dinheiro que corre os seus termos em Portugal e ele
contesta.
O grupo ESCOM, esse,
continua imparável.
Há três anos, tinha em
carteira projetos no valor de 951 milhões de euros e prometia investimentos de
1,4 mil milhões de dólares até 2014. O edifício ESCOM, na colina de Luanda, é o
símbolo imponente da grandeza do império.
Trata-se de uma torre
a rondar os 150 metros, a maior da capital. Custou 92 milhões de euros e quase
alcança o domínio dos deuses: nos pisos superiores, existem habitações de luxo
e duas penthouses que, em 2007, estavam avaliadas em 3 milhões de euros cada.
Na torre, estão instalados, entre outros, os escritórios angolanos da Ongoing e
a redação local do semanário Sol.
Hélder Bataglia
considera Angola um "país democrático", de "gente séria".
Por isso, os
investimentos daquele país em Portugal só podem ser olhados "de boa
fé", afirmou, numa entrevista ao Diário Económico. A ESCOM, na verdade,
"não sente a corrupção" e garante que, para fazer negócios, "não
é necessário estar associado a alguém do Governo".
Bataglia lamenta, isso
sim, os constrangimentos portugueses ao nível da burocracia, fiscalidade e
justiça. Não criam condições mais favoráveis ao investimento estrangeiro,
assinala.
TESTA-DE-FERRO CHINÊS?
As influências e
negócios do grupo, com cerca de 2 mil trabalhadores, estendemse aos EUA,
Venezuela, Argentina, Congo, Zimbabué e África do Sul, entre outros países. Mas
nem sempre os negócios correram bem: em Angola, a ESCOM escorregou nas pescas,
nos aviões da Air Gemini e nas bananas da Chiquita.
Em Portugal, o grupo viu o
seu nome referenciado em ilícitos fiscais, na Operação Furacão, nas
investigações do caso Portucale e no processo das contrapartidas das aquisições
da Defesa, ao tempo do ministro Paulo Portas, cuja compra de submarinos foi
sendo associada a suspeitas de financiamento partidário ao CDS.
Cônsul honorário do
Burkina Faso, membro da associação de cooperação ELO, Bataglia esteve em Angola
com Sócrates e Passos Coelho, a quem reconhece méritos na abertura de portas à
cooperação bilateral. A ele atribuem-lhe especiais influências na renegociação
da dívida de Angola a Portugal. Hélder foi investido comendador pelo Presidente
da República, Cavaco Silva, homenagem ao seu papel no estreitar das relações
luso-angolanas.
O administrador da
ESCOM tem casas em Lisboa, Luanda e na ilha do Mussulo, mas também no seleto
bairro da Recoleta, em Buenos Aires. É proprietário de um barco e comenta-se
que comprou uma ilha no delta do rio Paraná (Argentina), rumor que ele
desmente. "Angola é o meu país, foi lá que vivi, é onde gosto de estar e
onde mantenho relações do meu tempo de infância e de escola. A maioria dos meus
amigos está lá", referiu, numa entrevista.
"O Hélder é uma
das poucas pessoas que conheci que se enquadra nesse perfil de empresário
global. É um excelente relações públicas em qualquer parte do mundo",
disse dele Ricardo Salgado, dono do Grupo Espírito Santo, à Exame.
Para os EUA, Hélder
Bataglia não tem, de facto, um estatuto menor. Bem pelo contrário: o seu peso
nos negócios planetários far-se-á sentir em zonas menos transparentes, mesmo
não se identificando ilegalidades. De acordo com um relatório do Congresso
norte-americano divulgado em meados de 2009 -The 88 Queensway Group, A Case
Study in Chinese Investor´s Operations in Angola and Beyond, no original
-Bataglia é um dos três empresários mais influentes do planeta na promoção dos
interesses chineses fora das fronteiras do país e nos negócios da China com
Angola. O magnata dos diamantes israelita, Lev Leviev, e Pierre Falcone,
condenado em 2009 por tráfico de influências e comércio de armas, no processo
chamado Angolagate, são os outros dois. O empresário franco-argelino viria, entretanto, a ser absolvido das acusações, em abril último, após recurso.
Os norte-americanos
associam Bataglia a investidores com ligações a ministérios e aos serviços de
inteligência chineses e angolanos, apesar de algumas demarcações do Governo
comunista de Pequim. No referido documento, redigido há três anos, diz-se que o
presidente da ESCOM tinha a reputação de ser "um amigo" com acesso
privilegiado a Sassou Nguesso (Presidente do Congo), a Hugo Chávez (Venezuela)
e ao falecido Nestor Kirchner (Argentina), embora nem todos os seus negócios
registem um saldo positivo. Em Buenos Aires, uma promessa de investimento de 20
mil milhões de dólares por parte de Bataglia ficou no papel e ia criando um incidente
diplomático com as autoridades chinesas. Segundo a Economist, o 88 Queeensgroup
-referência ao endereço em Hong Kong onde aparecem registadas centenas de
sociedades das quais mal se consegue identificar o rasto acionista
-assemelha-se a um "consórcio de negócios opaco, mal conhecido e
inimputável" que vem trazendo especial preocupação ao Congresso
norte-americano. Bataglia, contudo, sempre negou ser um
"testa-de-ferro" dos chineses, embora não recuse méritos na
aproximação entre Pequim e Luanda.
A AMIGA ANA BRUNO
Por cá, o microcosmos
de Hélder Bataglia surge ligado, em parte, a Ana Bruno, figura cujo alegado
envolvimento nos esquemas de Michel Canals se encontra por esclarecer em toda a
dimensão. A administradora da Newshold e parceira do suíço na gestão do empreendimento
que vai gerir o hotel do futuro aeroporto de Berlim, é advogada de Bataglia e
gerente da Super Limite, Unipessoal, Lda, sociedade de compra e venda de
imóveis detida a cem por cento pelo presidente da ESCOM.
Ana Bruno dá a cara
por dezenas de empresas que vão do imobiliário ao turismo e a sua sociedade de
advogados, na torre 3 das Amoreiras, estará na mira dos investigadores da
Operação Monte Branco.
Suspeita-se que este e
outros escritórios possam ser a fachada legal de negócios relacionados com a
Akoya, nos quais estariam envolvidos advogados que funcionariam como correios
de dinheiro para Francisco Canas, o "Zé das Medalhas", detido
preventivamente sob suspeita de ter feito circular ilegalmente milhões de euros
entre Portugal e a Suíça, ao sabor do carrossel idealizado por Canals.
Segundo fontes da
investigação, o suíço teria contactos com inúmeras pessoas, sobretudo
advogados, a quem proporia a angariação de clientes com dinheiro para abrirem
contas em bancos suíços, primeiro via UBS e depois através da Akoya. A
contrapartida passaria por uma comissão indexada aos montantes que os clientes
dos advogados colocavam no estrangeiro.
O esquema obrigava a
depositar fortunas no estrangeiro, através de sociedades portuguesas detidas
por off-shores e fundações para esconder o verdadeiro titular.
Ana Bruno é tida como
angariadora de clientes angolanos para Canals e, na conta de uma familiar suas,
os investigadores terão já identificado valores que passaram pelo processo de
branqueamento no exterior. Michel Canals é defendido neste processo por
Francisco Mendonça Tavares, advogado do escritório Ana Bruno & Associados e
administrador de várias empresas, entre as quais a South Atlantic Capital, SA,
também de compra e venda de imóveis, que mantém com outro advogado do
escritório de Ana Bruno.
DESDE O CASO
MODERNA...
Esta não é a primeira
vez que a atual proprietária do semanário Sol vê o seu nome associado a casos
polémicos. O primeiro a dar-lhe visibilidade foi o "Caso Moderna", em
1999. Note-se: Ana Bruno nunca foi acusada nem condenada, mas o tribunal
registou alguns testemunhos e referências curiosas. A advogada foi sócia da
cooperativa Dinensino e do escritório Espaço Chiado, com José Braga Gonçalves.
Também passou pela Amostra, empresa de sondagens que Paulo Portas liderou.
À época, Ana Bruno não
se livrou da fama de ter ajudado a condenar o homem forte da gestão da
universidade e contribuído para ilibar o antigo líder do CDS. Além de terem
passado pelas suas mãos, a mando de Braga Gonçalves, cheques comprometedores e
envelopes com dinheiro, Ana Bruno teve ainda o seu IRS pago através de um
cheque da Amostra.
Segundo Paulo Portas,
o valor corresponderia a "dinheiro entregue por conta de honorários"
relativos à condição de "advogada de jornalistas d´O Independente". O
descontrolo financeiro da Moderna e da Dinensino serviu, por exemplo, para
pagar viagens a Ana Bruno e familiares à Disneylândia, Londres e Barcelona,
além de estadias no Algarve e no Alentejo.
A advogada recebia
prendas pagas na Loja das Meias a expensas da universidade.
A confiança de Portas
em Ana Bruno não deixou dúvidas à época: ela era, disse, "a advogada da
família há muitos anos".
A dada altura, até o
alertou para o facto de estar a incorrer em irregularidades fiscais, ao passar
recibos inválidos a alunos do centro de sondagens, episódio que Portas corrigiu
pagando uma verba de 35 mil contos às Finanças. Ana e Portas foram apenas
testemunhas no processo.
Neste momento, e a
fazer fé no curso das investigações, Ana Bruno terá mais com que se preocupar.
De resto, em diversos centros do poder do País receia-se que o processo esteja
mais próximo da imagem do rato a parir a montanha do que o inverso. Desde a
vinda do caso a público, estará a assistir-se a uma corrida à regularização
tributária de depósitos, valores mobiliários e outros instrumentos financeiros
colocados no exterior. O prazo termina a 30 de junho. Os portugueses podem
declarar ao Banco de Portugal os ativos depositados e não declarados no
estrangeiro, pagando uma penalização de 7,5% de imposto, ficando, assim, livres
de procedimento criminal. Isto, se outros ilícitos não tiverem sido cometidos.
Pela via pedagógica, judicial ou tributária, o caso Canals poderá servir de
exemplo.
Exceto para aqueles
que, soube a VISÃO, confiaram de tal modo no sigilo das práticas de Michel e da
Akoya que ainda hoje não saberão onde está o dinheiro.
O quase silêncio de
Ana Bruno
A advogada Ana Bruno,
sócia de Michel Canals num empreendimento em Berlim, demarcou-se, numa
declaração difundida através do site do semanário Sol, do qual é
administradora, "da participação em qualquer tipo de rede criminosa"
que a associe ao ex-banqueiro suíço e à Akoya. Ana Bruno manifestou
"profunda indignação com as insinuações" que, segundo diz, estão
contidas no artigo da última VISÃO, as quais considera "desprovidas de
qualquer base probatória". Para a advogada e empresária, a intenção é
"denegrir o seu bom nome e prejudicar a sua atividade profissional".
Como tal, promete
"retirar as inerentes consequências legais, reagindo no âmbito das
instâncias competentes". A declaração foi publicada na noite de
quarta-feira, 23, véspera da saída da VISÃO para as bancas. A advogada,
contudo, esteve indisponível para responder às nossas perguntas na terça, 22,
dia de fecho da edição. Entretanto, também não respondeu a outro email enviado
na última quinta-feira, 24, para a sua sociedade de advogados, reiterando o
pedido inicial.
Ricardo Castro, a
outra ponta
Na véspera de ser
detido, na passada semana, por suspeita de operar também uma rede de
branqueamento de capitais através da Arcofinance, em Genebra, com clientes
portugueses do banco privado Edmond de Rothschild, o luso-suíço Ricardo Castro
jantava num conhecido restaurante de peixe fresco e marisco da Boca do Inferno,
em Cascais.
Nessa noite, a mesa
que o antigo banqueiro da UBS em Portugal ocupava não podia estar mais perto da
fama: mesmo ali ao lado, jantavam, entre outros, Joaquim Oliveira, dono da
Controlinveste, Fernando Seara (presidente da Câmara de Sintra) e a esposa
Judite de Sousa (diretora-adjunta da TVI) e Miguel Relvas (ministro-Adjunto).
Detido para
interrogatório no dia 23, Ricardo Castro saiu com uma caução de 300 mil euros,
imposta pelo juiz de instrução Carlos Alexandre. Por agora, o único ponto em
comum com o caso Akoya é Francisco Canas, o "Zé das Medalhas", cuja
loja de troféus, na Rua do Ouro, em Lisboa, será, no entender das autoridades,
a fachada para a transferência de avultadas quantias de dinheiro para a Suíça.
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