domingo, 14 de outubro de 2012

Detalhes que atenuam a austeridade...lá fora




Visão online, 07/10/2012


Em Portugal, a crise está a ser enfrentada, basicamente, à custa do aumento da receita fiscal, com cortes... no rendimento disponível das famílias. Aumentam-se os impostos, cortam-se as deduções, reduz-se o subsídio de desemprego e o abono de família, eliminam-se salários, ou parte deles, em nome da consolidação das contas públicas. Também se vai tentando cortar na despesa do Estado, de forma tímida, extinguindo umas fundações ou acabando com algumas rendas excessivas como a da energia.
O desemprego aumenta, o consumo interno cai, a economia fica ainda mais deprimida. Nada de muito diferente do que se passa um pouco por toda a Europa, incluindo nos colossos económicos, como a França e a Espanha. Porém, e ao contrário do que sucede em Portugal, lá fora vão sendo dados sinais de que a fatura da crise é para ser paga por todos. Trata-se de decisões diferentes, ligeiras nuances na forma de atacar o problema, que, por cá, poderiam fazer toda a diferença.
Eis alguns exemplos de medidas, algumas delas com peso meramente simbólico, que, se aplicadas em Portugal, poderiam aliviar o ritmo a que os portugueses estão a ir para a rua protestar.









Os caminhos alternativos da austeridade



Visão online, 07/10/2012


A crise não veio com manual de instruções. Em França, combate-se o desemprego, pondo travões aos despedimentos; em Portugal facilitam-se. Muitos países baixaram os impostos; outros, como o nosso, aumentaram a carga fiscal. Mas nem somos nós o exemplo acabado das más práticas nem nenhum Estado tem a estratégia perfeita. Há, no entanto, alternativas a este sufoco. Fomos à procura delas



«Podíamos ter um défice público de 8,6 por cento.
Podíamos ter reduzido o desemprego, ao mesmo tempo que aumentávamos os salários e os benefícios para os trabalhadores. A produtividade subia e, num ano, a economia saltava da recessão para o crescimento. Claro que era preciso investimento estatal e obras públicas, para impulsionar as atividades económicas, dinheiro conseguido à custa do aumento da dívida. Ainda assim, veríamos a luz ao fundo do túnel.
Podíamos ter feito tudo isto se fossemos o país mais rico do mundo. Mas não nos chamamos Estados Unidos da América.
Muitos erros foram cometidos na nação de Barack Obama, depois da crise iniciada em 2008. Por cima de tudo sempre pairou um sentimento de injustiça por muitos dos grandes responsáveis por aquela hecatombe mundial continuarem com a vidinha de sempre. Gastouse acima de todas as possibilidades para amparar a queda dos gigantes financeiros, vítimas de si próprios.
No fim, houve algo que compensou.
Seria a reposição do poder de compra dos mais pobres, com o aumento do salário mínimo? A diminuição de impostos para as empresas? O aumento do investimento público na saúde, na educação e nas infraestruturas? As facilidades dadas às pequenas empresas para acederem ao crédito? Tudo o que Portugal não fez.
Aqui, veio a receita foi a austeridade.
Cada país tem as suas realidades e as suas contas, mas não há razão para não olharmos para fora, tentando descortinar algumas (boas) soluções para a nossa atual crise. Temos uma dívida enorme (que chegará aos 124% do PIB em 2013), um défice descontrolado (ou só controlado à custa de receitas extraordinárias que se vão inventando), uma economia moribunda, mas ainda conseguimos reagir quando nos aumentam os impostos.
SIDRA EM VEZ DE CHAMPANHE 
Na França, também aumenta a carga fiscal, mas o alvo não é bem o mesmo que em Portugal. A medida mais simbólica do Orçamento apresentado por François Hollande é a criação de uma taxa de 75% para rendimentos profissionais superiores a um milhão de euros anuais.
Já quem ganha acima de 150 mil euros por ano vai ter uma taxa marginal de 45% que, juntando às contribuições para a Segurança Social e outros impostos, acaba por chegar aos 62,2 por cento.
"Estamos muito longe de chegar a este ponto", compara José Castro Caldas, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. "Tributar rendimentos extraordinários tem algum efeito orçamental. Pode, por exemplo, usar-se como instrumento de política de redistribuição de rendimento, financiando-se dessa maneira o Rendimento Social de Inserção e o subsídio de desemprego.
O impacto macroeconómico é importante, pois está a atribuir-se poder de compra a uma parte da população que não o tem", continua este doutorado em Economia.
Há um perigo, claro, o da fuga das grandes fortunas. "Os franceses estão pouco preocupados com essa chantagem e fazem bem porque, normalmente, tal não passa de ameaça. No entanto, uma medida dessas pode ser acordada no seio da União Europeia, não sei porque não existe uma harmonização fiscal", observa Castro Caldas.
Estas altas taxas têm outro efeito: carregam um simbolismo. A classe média e os mais pobres ficam com a ideia de que não pagam a crise sozinhos, ao contrário do que acontece em Portugal. Aliás, o Orçamento do Estado para 2013, cozinhado pelos socialistas franceses, está repleto de medidas simbólicas.
Exemplos: descida de 30% dos salários do Presidente da República e dos ministros; número de colaboradores de cada ministro limitado a 15; redução da frota de carros oficiais do Governo, que passou de 117 para 91; remuneração de dirigentes de empresas públicas limitada a um máximo de 450 mil euros por ano... Finalmente, deixou de se servir champanhe em certas receções no Eliseu agora bebe-se sidra.
Para o combate ao desemprego, Hollande tem duas propostas: uma, já aprovada pelo Senado, passa pela criação de 150 mil postos de trabalho, subsidiados pelo Estado, para jovens com poucas qualificações; a outra consiste em aumentar o valor das indemnizações por despedimento. "A ideia é encarecer de tal ordem os despedimentos que não compense às empresas fazê-los", afirmou o ministro do Trabalho. 
MEDIDAS ALTERNATIVAS 
Na Alemanha, houve acordos sociais entre patrões e trabalhadores para reduzir o tempo de trabalho e as horas extraordinárias, como forma de promover o emprego.
O país de Angela Merkel, defensor primeiro da austeridade para os Estados do Sul da Europa, respondeu à crise financeira, em 2009, reduzindo os impostos e as contribuições sociais tanto aos empregadores como aos trabalhadores.
Já a Espanha, que, numa primeira fase, quis enfrentar a crise com medidas expansionistas (aumento das indemnizações por despedimento, aceleração do investimento em obras públicas e redução de impostos para pequenas empresas que não despedissem), acabou por sucumbir aos mercados. Agora, vemos os espanhóis na rua contra as medidas de austeridade. O desemprego chegou aos 24,6% (cerca de 4,7 milhões de pessoas).
Nem a economia nem a banca de Espanha aguentaram a "fuga para a frente".
Mas entre o congelamento dos salários dos funcionários públicos (e a supressão do subsídio de Natal deste ano) e o aumento do IVA (de 18% para 21%), o Governo tenta travar a subida dos combustíveis, negociando com as petrolíferas uma medida sem impacto orçamental mas de grande importância para a vida do povo.
"A negociação com as farmacêuticas, para baixar os preços dos medicamentos, teve resultados, o que mostra que, quando há vontade política, muita coisa se pode conseguir", refere Castro Caldas.
"Em Portugal, a inação do Governo é notória. Há, de facto, medidas pequenas que podiam apontar para um rumo", critica José Reis, diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
E enuncia: "Primeiro: reposição imediata das mais grosseiras reduções dos rendimentos do trabalho; a economia pagá-las-á com crescimento. Segundo: compromisso com a manutenção dessa base remuneratória por cinco anos.
Terceiro: incentivo poderoso, através de certificados do Tesouro garantidos, à poupança dos que podem poupar, em vez da submissão patética do financiamento do Estado aos 'mercados'. Quarta: aposta deliberada em soluções de consumo, de mobilidade, de produção e trabalho, de qualificação das pessoas e de crédito sustentáveis, equilibradas e frugais, feita através de uma política urbana e de pequenos centros no espaço rural, o que implica um contrato radicalmente novo com as autarquias (esta é a única 'austeridade' que faz sentido). Quinta: intensa renovação da capacidade exportadora, através de acordos positivos, baseados na facilitação da ação empresarial e num compromisso com o emprego e os trabalhadores. Sexta: negociação, no plano europeu, de um programa de investimentos públicos politicamente assumido como um compromisso com a Europa, baseado na coesão social e na inclusão do povo e na salvaguarda do seu direito a uma vida digna."
O PROBLEMA DAS CAPELINHAS 
O combate à crise não se limita, no entanto, a medidas que impliquem gastar dinheiro. O corte na despesa do Estado, nas "gorduras desnecessárias" era, aliás, a grande promessa de Pedro Passos Coelho.
No final de maio de 2010, o economista João Cantiga Esteves, professor de Finanças no ISEG, deu uma entrevista à VISÃO na qual contabilizava em cerca de 14 mil o total de entidades que recebia, direta e indiretamente, dinheiros públicos.
E concluía que "o Estado não sabe o que tem, nem onde gasta". Passados mais de dois anos, com um novo Governo em exercício e com o País intervencionado pela troika, perguntámos-lhe o que mudou. A resposta foi uma monumental gargalhada. "É inquietante perceber o quão difícil é atuar energicamente numa área onde é imperativo fazê-lo. E o problema mantém-se: o Estado continua a não saber onde gasta, logo, continua a não saber onde pode poupar. Tirando, agora, estas iniciativas, nomeadamente na área das fundações, mas com resultados muito limitados, e pouco mais, já passou um ano e meio desta governação e nada..." Na execução orçamental de setembro, o resultado está à vista: a despesa efetiva do subsetor Estado cresceu 1,1 por cento.
Mesmo com os grandes cortes nas despesas com o pessoal (redução de salários e subsídios). "Há uma dificuldade enormíssima em ir ao fundo, ao detalhe, ao pormenor. O Governo centra-se nos grandes números, pois é muito mais fácil aumentar IVA, IRS, etc. Sempre foi assim, mas não pode continuar a ser. Tem de se poupar nos detalhes, um milhão aqui, outro ali", insiste Cantiga Esteves, que avança uma explicação para a inação governamental: "Tudo isto mexe com muitos interesses instalados, que vão do pequeno ao médio e ao grande. Há uma resistência fortíssima à mudança e ninguém quer sair da sua zona de conforto." A presença da troika em Portugal, considera o economista, não dá garantias de que se altere este estado de coisas.
"A troika concentra-se apenas nos grandes números e não se quer meter nestas coisas, que são nossas. É imperativo que o Governo lance publicamente o desafio aos ministérios, secretarias de Estado, direções-gerais, câmaras municipais, governos regionais, institutos públicos, fundações, etc., para apresentarem, no prazo de duas a três semanas, as suas propostas de redução de despesa. E, com as propostas nas mãos, vincular essas entidades.
Com isso percebe-se quem está disponível para contribuir para a solução do problema. A alternativa é explicar muito bem aos portugueses porque é que cada uma das capelinhas é intocável." Para João Cantiga Esteves, "o que é exigido aos dirigentes, em tempos de crise como o que vivemos, é que governem sem dinheiro". "Isso é que é habilidade. Governar com dinheiro é fácil. Apliquem-se!"
DUAS DROGAS
Mas chegamos sempre ao mesmo ponto: a economia cresce sem dinheiro, sem o empurrão do investimento público? E onde vamos nós buscar os fundos para investir se já temos uma dívida gigantesca? "Não é pelo afluxo de investimento estrangeiro. Este, ao adquirir ativos portugueses, não cria emprego. As privatizações podem é criar mais desemprego", responde José Castro Caldas.
Para este economista, tendo em conta que "quase todo o défice orçamental é resultado dos juros pagos pela dívida", não há "outra possibilidade de viragem sem o alívio da dívida". Como? "A reestruturação da dívida pública vai acontecer mais tarde ou mais cedo. Queremos fazê-la enquanto há portugueses vivos ou esperamos pela iniciativa dos credores, quando o País estiver destroçado?", desafia. Reestruturar a dívida significa não pagá-la, pelo menos em parte, para libertar recursos para o investimento.
Mas, na Grécia, a reestruturação da dívida não parece estar a salvar o país. "Foi insuficiente. O Banco Central Europeu e os credores europeus foram poupados", justifica Castro Caldas. E acrescenta: "Sabemos que o que está a ser feito só pode piorar as coisas. Mas a alternativa também não é nem fácil nem milagrosa.
Nem indolor." Pode é ser mais rápida. O exemplo acabado é a Islândia. Em 2009, tinha uma recessão de -6,6% do PIB. Em 2011, estava com um crescimento de 2,6 por cento.
O que aconteceu lá? O povo, em referendo, disse, simplesmente, que não pagava as dívidas dos bancos (muito diferente da atitude da Irlanda e da Espanha). "Os bancos entraram em falência e o Estado interveio minimamente para salvar os depósitos dos residentes. É possível, num caso de falência bancária, tomar medidas para manter o sistema de pagamentos em funcionamento e garantir o crédito", explica o economista. A Islândia representou uma espécie de rebelião contra os mercados, um símbolo de um povo que já pouco tinha a perder.
Em Portugal, vai-se perdendo qualquer coisa. "Viu-se que, punindo rudemente os rendimentos do trabalho, se destrói a economia por falta de procura, se gera desemprego maciço, se leva empresas à falência, se arruína recursos...", afirma José Reis.
Ainda na semana passada, o Nobel da Economia Paul Krugman escreveu: "O que a Grande Depressão ensinou aos políticos, da pior forma, foi que dinheiro curto e austeridade orçamental eram realmente más ideias, em face de uma economia profundamente deprimida. Mas tudo isto foi esquecido, exceto pelos historiadores de Economia. A dívida é uma droga. Mas a austeridade também o é."»




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

EM ANÁLISE

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VOO ANALIZADO

Analysis of the Human Birdwings

March 21, 2012 | 
7:12 am | 

Categories: Dot PhysicsScience Blogs
Surely you have seen this video of the first flight for the Human Birdwings Project:

Além disso, aqui é um bom resumo de Ciência Wired . Além disso, este artigo Gizmodo Claro, neste ponto você provavelmente só querem saber: mas será que é real? Ai, eu não vou responder a essa pergunta. Em vez disso, vou dar-lhe algumas provas e você pode decidir por si mesmos.
Primeiro, porque é que ninguém até questionar a validade deste vídeo? Aqui estão algumas idéias:
  1. É na internet. Qualquer coisa na internet devem ser atendidas com suspeita. Lembre-se do salto escorrega gigante de água ? Ou o que sobre este vídeo final batting prática ? Ok, você se lembra.
  2. O vídeo. Sim, o vídeo em si parece estranho. Com um evento tão importante, você poderia pensar que poderiam pelo menos ter um tripé.
  3. O projeto não dar todos os detalhes.
  4. Os seres humanos têm sempre pensei sobre o vôo. Quando eles finalmente fazer, as pessoas questionam a realidade.
Ainda não estou dizendo que se eu acho que é verdadeiro ou falso. Estas são as razões que as pessoas questionam o vídeo.

A análise do vídeo

A primeira coisa que eu faço quando vejo um vídeo como esse é olhar para o movimento da câmera.Conforme já demonstrado , um truque de vídeo é adicionar um shake câmera falso. Parece que seria super difícil de adicionar efeitos especiais a uma câmera balançando, e provavelmente é. A idéia é usar um tripé e gravar um vídeo com alguns efeitos especiais adicionados. Depois disso, você precisa adicionar um shake falso para fazer parecer legítimo. Aqui está um exemplo do vídeo final batting prática (que é falso).
Esta é uma representação gráfica do movimento da imagem de fundo no vídeo.
Fakebbalpng
E para comparação, aqui é um pedaço de pano de fundo para um vídeo que fiz enquanto apenas segurando a câmera (tão firme quanto eu pudesse):
Boompng
Veja a diferença? O primeiro é falso, o segundo é real.
E sobre o vídeo Birdwing Humano? Realmente não é difícil de controlar algo no fundo. Eu uso o impressionante (e gratuito) Rastreador de Análise de Vídeo ferramenta. Aqui é o movimento de fundo para a primeira parte do vídeo quando eles estão apenas a criação das asas.
Birdwingbackground 1
Isso parece bem. Ou esta parte do vídeo foi feito com uma mão real realizada câmera, ou que encontraram melhores maneiras de "shake fake" do vídeo. Aqui é a mesma análise, enquanto ele está sendo executado por uma decolar.
Birdwingback 2
Finalmente, esta é a trajetória de fundo para a vista lateral, enquanto o cara está em vôo.
Lateral
Claramente este é um cara diferente. Um cara (ou garota) que não bebiam tão Red Bull quanto a outro operador de vídeo da câmera. O movimento também é diferente, já que a câmera é o acompanhamento de um objeto em movimento. Escusado será dizer que, este não parece tremer falso.
Há algo mais que eu possa começar a partir do vídeo? Sim, mais uma coisa. Eu posso obter uma estimativa para a velocidade de vôo. Se eu olhar para a vista lateral para o vôo, eu posso escalar o vídeo com base no comprimento de um ser humano médio (cerca de 1,7 metros). Então I pode acompanhar o movimento em relação ao movimento do fundo. Aqui está o que eu tenho para a posição horizontal em função do tempo.
Birdwinghorizontal
Isto dá uma velocidade horizontal (em relação ao solo, e não o ar - que poderia haver um vento de frente) de cerca de 4-5 m / s (que não seja muito preciso). Este seria de cerca de cerca de 9-11 mph.Nada lá diz "fake". Isso parece bastante rápido a correr se você tem todas essas asas e outras coisas - mas não impossível.
E sobre o movimento vertical? Aqui está um enredo.
Verticalbidwing
A partir disso, parece que homem-pássaro ganhos de cerca de 1,5 metros de altura em apenas cerca de 0,6 segundos. Se a massa total de homem-pássaro mais equipamento é cerca de 85 kg (apenas uma suposição), esta seria uma mudança na energia potencial gravitacional de:
La te xi t 1
Se tudo isto é feito pelo ser humano (e não rascunhos ou algo assim), em 0,6 segundo seria necessário cerca de 2000 Watts. Assim, um par de notas:
  • 2000 Watts é coisa séria para um ser humano - mas não impossível.
  • Há provavelmente alguns erros de perspectiva neste vídeo. Se o homem-pássaro era muito perto da câmera (que eu não posso dizer), ele poderia jogar fora as medições.
  • O artigo Gizmodo mostra as asas com alguns motores. Então, não seria apenas a pessoa que presta esse poder.
Então, isso é tudo que eu posso começar a partir do vídeo.

Física

Como eu disse em um post anterior , a escala dessa ala humano parece se encaixar com o meu palpite básico para animais voadores. Aqui é um log-enredo da envergadura contra massa de aves diferentes, juntamente com o ser humano com asas.
Drawingskey 24
Portanto, este não parece ser um problema enorme.
E sobre o elevador? Será que esta envergadura produzir sustentação suficiente para manter o cara acima? Bem, isso não é muito fácil de explorar. Eu poderia olhar para algo semelhante - como talvez uma asa-delta. Apenas navegar na internet, parece que ele teria que ir cerca de 15 - 20 mph, a fim de não falhar. O que isso diz sobre a ave-asas? Assim, ela pode ter uma velocidade de ar de 15 mph - especialmente se houver um forte vento de proa. Além disso, este não é um planador. Esta é uma palheta.
Eu acho que a única coisa física outro olhar seria a potência necessária. Eu já estimaram que pode levar até 2.000 watts, mas este é apenas por um curto período de tempo (e eventualmente complementadas por outras coisas).
Então, onde é que eu estou na questão de verdadeiro ou falso? Eu disse que iria deixar isso para você, não foi? Deixe-me apenas dizer que não há nada neste vídeo que indica que ele deve ser uma farsa

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ENTREVISTA A JOHN PERKINS



Entrevista a John Perkins

por Sara Sanz Pinto

Em tempos consultor na empresa Chas. T. Main, John Perkins andou dez anos  a fazer o que não devia, convencendo países do terceiro mundo a embarcar em projectos megalómanos, financiados com empréstimos gigantescos de bancos do primeiro mundo. Um dia, estava nas Caraíbas, percebeu que estava farto de negócios sujos e mudou de vida. Regressou a Boston e, para compensar os estragos que tinha feito, decidiu usar os seus conhecimentos para revelar ao mundo o jogo que se joga nos bastidores financeiros.

Como se passa de assassino económico a activista?
Em primeiro lugar é preciso passar-se por uma forte mudança de consciência e entender o papel que se andou a desempenhar. Levei algum tempo a compreender tudo isto. Fui um assassino económico durante dez anos e durante esse período achava que estava a agir bem. Foi o que me ensinaram e o que ainda ensinam nas faculdades de Gestão: planear grandes empréstimos para os países em desenvolvimento para estimular as suas economias. Mas o que vi foi que os projectos que estávamos a desenvolver, centrais hidroeléctricas, parques industriais, e outras coisas idênticas, estavam apenas a ajudar um grupo muito restrito de pessoas ricas nesses países, bem como as nossas próprias empresas, que estavam a ser pagas para os coordenar. Não estávamos a ajudar a maioria das pessoas desses países porque não tinham dinheiro para ter acesso à energia eléctrica, nem podiam trabalhar em parques industriais, porque estes não contratavam muitas pessoas. Ao mesmo tempo, essas pessoas estavam a tornar--se escravos, porque o seu país estava cada mais afundado em dívidas. E a economia, em vez de investir na educação, na saúde ou noutras áreas sociais, tinha de pagar a dívida. E a dívida nunca chega a ser paga na totalidade. No fim, o assassino económico regressa ao país e diz-lhes “Uma vez que não conseguem pagar o que nos devem, os vossos recursos, petróleo, ou o que quer que tenham, vão ser vendidos a um preço muito baixo às nossas empresas, sem quaisquer restrições sociais ou ambientais”. Ou então, “Vamos construir uma base militar na vossa terra”. E à medida que me fui apercebendo disto a minha consciência começou a mudar. Assim que tomei a decisão de que tinha de largar este emprego tudo foi mais fácil. E para diminuir o meu sentimento de culpa senti que precisava de me tornar um activista para transformar este mundo num local melhor, mais justo e sustentável através do conhecimento que adquiri. Nessa altura a minha mulher e eu tivemos um bebé. A minha filha nasceu em 1982 e costumava pensar como seria o mundo quando ela fosse adulta, caso continuássemos neste caminho. Hoje já tenho um neto de quatro anos, que é uma grande inspiração para mim e me permite compreender a necessidade de viver num sítio pacífico e sustentável.

Houve algum momento em particular em que tenha dito para si mesmo “não posso fazer mais isto”?
Sim, houve. Fui de férias num pequeno veleiro e estive nas Ilhas Virgens e nas Caraíbas. Numa dessas noites atraquei o barco e subi às ruínas de uma antiga plantação de cana-de-açúcar. O sítio era lindo, estava completamente sozinho, rodeado de buganvílias, a olhar para um maravilhoso pôr do Sol sobre as Caraíbas e sentia-me muito feliz. Mas de repente cheguei à conclusão que esta antiga plantação tinha sido construída sobre os ossos de milhares de escravos. E depois pensei como todo o hemisfério onde vivo foi erguido sobre os ossos de milhões de escravos. E tive também de admitir para mim mesmo que também eu era um esclavagista, porque o mundo que estava a construir, como assassino económico, consistia, basicamente, em escravizar pessoas em todo o mundo. E foi nesse preciso momento que me decidi a nunca mais voltar a fazê--lo. Regressei à sede da empresa onde trabalhava em Boston e demiti-me.

E qual foi a reacção deles?
De início ninguém acreditou em mim. Mas quando se aperceberam de que estava determinado tentaram demover-me. Fizeram-me propostas muito interessantes. Mas fui-me embora à mesma e deixei por completo de me envolver naquele tipo de negócios.

Diz que os assassinos económicos são profissionais altamente bem pagos que enganam os países subdesenvolvidos, recorrendo a armas como subornos, relatórios falsificados, extorsões, sexo e assassinatos. Pode explicar às pessoas que não leram o seu livro como tudo isto funciona?
Basicamente, aquilo que fazíamos era escolher um país, por exemplo a Indonésia, que na década de 70 achávamos que tinha muito petróleo do bom. Não tínhamos a certeza, mas pensávamos que sim. E também sabíamos que estávamos a perder a guerra no Vietname e acreditávamos no efeito dominó, ou seja, se o Vietname caísse nas mãos dos comunistas, a Indonésia e outros países iriam a seguir. Também sabíamos que a Indonésia tinha a maior população muçulmana do mundo e que estava prestes a aliar-se à União Soviética, e por isso queríamos trazer o país para o nosso lado. Fui à Indonésia no meu primeiro serviço e convenci o governo do país a pedir um enorme empréstimo ao Banco Mundial e a outros bancos, para construir o seu sistema eléctrico, centrais de energia e de transmissão e distribuição. Projectos gigantescos de produção de energia que de forma alguma ajudaram as pessoas pobres, porque estas não tinham dinheiro para pagar a electricidade, mas favoreceram muito os donos das empresas e os bancos e trouxeram a Indonésia para o nosso lado. Ao mesmo tempo, deixaram o país profundamente endividado, com uma dívida que, para ser refinanciada pelo Fundo Monetário Internacional, obrigou o governo a deixar as nossas empresas comprarem as empresas de serviços básicos de utilidade pública, as empresas de electricidade e de água, construir bases militares no seu território, entre outras coisas. Também acordámos algumas condicionantes, que garantiam que a Indonésia se mantinha do nosso lado, em vez de se virar para a União Soviética ou para outro país que hoje em dia seria provavelmente a China.

Trabalhou de muito perto com o Banco Mundial?
Muito, muito perto. Muito do dinheiro que tínhamos vinha do Banco Mundial ou de uma coligação de bancos que era, geralmente, liderada pelo Banco Mundial.

Sugere no seu livro que os líderes do Equador e do Panamá foram assassinados pelos Estados Unidos. No entanto, existem vários historiadores que defendem que isso não é verdade. O que acha que aconteceu com Jaime Roldós e Omar Torrijos?
Não existem provas sólidas quer do que aconteceu no Equador, com Roldós, quer do que se passou no Panamá, com Torrijos. Porém, existem muitas provas circunstanciais. Por exemplo, Roldós foi o primeiro a morrer, num desastre de avião em Maio de 1981, e a área do acidente foi vedada, ninguém podia ir ao local onde o avião se despenhou, excepto militares norte-americanos ou membros do governo local por eles designados. Nem a polícia podia lá entrar. Algumas testemunhas-chave do desastre morreram em acidentes estranhos antes de serem chamadas a depor. Um dos motores do avião foi enviado para a Suíça e os exames mostram que parou de funcionar quando estava ainda no ar e não ao chocar contra a montanha. Isto é, existem provas circunstanciais tremendas em torno desta morte, e além disso todos estavam à espera que Jaime Roldós fosse derrubado ou assassinado porque não estava a jogar o nosso jogo. Logo depois de o seu avião se ter despenhado, Omar Torrijos juntou a família toda e disse: “O meu amigo Jaime foi assassinado e eu vou ser o próximo, mas não se preocupem, alcancei os objectivos que queria alcançar, negociei com sucesso os tratados do canal com Jimmy Carter e esse canal pertence agora ao povo do Panamá, tal como deve ser. Por isso, depois de eu ser assassinado, devem sentir-se bem por tudo aquilo que conquistei.” A verdade é que os EUA, a CIA e pessoas como o Henry Kissinger admitiram que o nosso país tinha derrubado Salvador Allende, no Chile; Jacobo Arbenz, na Guatemala; Mohammed Mossadegh, no Irão; participámos no afastamento de Patrice Lumumba, no Congo; de Ngô Dinh Diem, no Vietname. Existem inúmeros documentos sobre a história dos EUA que provam que fizemos estas coisas e continuamos a fazê-las. Sabe-se que estivemos profundamente envolvidos, em 2009, no derrube no presidente Manuel Zelaya, nas Honduras, e na tentativa de afastar Rafael Correa, no Equador, também há não muito tempo. Os EUA admitiram muitas destas coisas e pensar que eles não estiveram envolvidos nos homicídios de Roldós e Torrijos... Estes dois homens foram assassinados quase da mesma forma, num espaço de três meses. Ambos tinham posições contrárias aos EUA e às suas empresas e estavam a assumir posições fortes para defender os seus povos – é pouco razoável pensar o contrário.

Algumas pessoas acusam-no de ser um teórico da conspiração. O que tem a dizer sobre isso?
Bem, não sou, de modo nenhum, um teórico da conspiração. Não acredito que exista uma pessoa ou um grupo de pessoas sentadas no topo a tomar todas as decisões. Mas torno muito claro no meu último livro, “Hoodwinked” (2009), e também em “Confessions of an Economic Hit Man” (2004) – editado em Portugal pela Pergaminho em 2007 com o título “Confissões de Um Mercenário Económico: a Face Oculta do Imperialismo Americano” –, que as multinacionais são movidas por um único objectivo que é maximizar os lucros, independentemente das consequências sociais e ambientais. Estes últimos são novos objectivos que não eram ensinados quando estudei Gestão, no final dos anos 60. Ensinaram-me que havia apenas este objectivo entre muitos outros, por exemplo tratar bem os funcionários, dar-lhes uma boa assistência na saúde e na reforma, ter boas relações com os clientes e os fornecedores, e também ser um bom cidadão, pagar impostos e fazer mais que isso, ajudar a construir escolas e bibliotecas. Tudo se agravou nos anos 70, quando Milton Friedman, da escola de economia de Chicago, veio dizer que a única responsabilidade no mundo dos negócios era maximizar os lucros, independentemente dos custos sociais e ambientais. E Ronald Reagan, Margaret Thatcher e muitos outros líderes mundiais convenceram-se disso desde então. Todas estas empresas são orientadas segundo este objectivo e quando alguma coisa o ameaça, seja um acordo de comércio multilateral seja outra coisa qualquer, juntam--se para garantir que o mesmo é protegido. Isto não é uma conspiração, uma conspiração é ilegal, isto que fazem não é. No entanto, é extremamente prejudicial para a economia mundial.

Também escreveu que o objectivo último dos EUA é construir um império global. Como vê a recente estratégia norte-americana contra a China e o Irão?
Actualmente, podemos dizer que o novo império não é tanto americano como formado por multinacionais. Penso que a ditadura das grandes empresas e dos seus líderes forma hoje a versão moderna desse império. Repito, isto não é uma conspiração, mas todos eles são movidos por esse objectivo de que falámos anteriormente.

Mas vários especialistas defendem que estamos num cenário de terceira guerra mundial, com a China, a Rússia e o Irão de um lado e os EUA, a União Europeia (UE) e Israel do outro. E que toda a conversa de Washington em torno do programa nuclear iraniano não passa de uma grande mentira.
Não acredito que todo este conflito seja motivado por armas nucleares. Na verdade, vários estudos recentes, alguns deles das mais respeitadas agências de informações norte-americanas, mostram que não existem armas nucleares no Irão. E acredito que tudo isto não se deve apenas aos recursos iranianos mas também à ameaça de Teerão de vender petróleo no mercado internacional numa moeda que não o dólar, uma ameaça também feita por Muammar Kadhafi, na Líbia, e Saddam Hussein, no Iraque. Os nort-americanos não gostam que ameacem o dólar e não gostam que ameacem o seu sistema bancário, algo que todos esses líderes fizeram – o líder do Irão, o líder do Iraque, o líder da Líbia. Derrubaram dois deles e o terceiro ainda lá está. Penso que é disto que se trata. Não tenho dúvidas de que a Rússia está a gostar de ver a agitação entre a UE e o Irão, porque Moscovo tem muito petróleo e, se os fornecedores iranianos deixarem de vender, o preço do petróleo vai subir, o que será uma grande ajuda para a Rússia. É difícil acreditar que qualquer destes países queira mesmo entrar numa terceira guerra mundial. No fundo, o que querem é estar constantemente a confundir as pessoas, parecendo que querem entrar em conflito e ajudar a alimentar as máquinas de guerra, porque isso ajuda uma série de grandes empresas.

Como durante a Guerra Fria?
Sim, como durante a Guerra Fria, porque isso é bom para os negócios. No fundo, estes países estão todos a servir os interesses das grandes empresas. Há algumas centenas de anos, a geopolítica era maioritariamente liderada por organizações religiosas; depois os governos assumiram esse poder. Agora chegámos à fase em que a geopolítica é conduzida em primeiro lugar pelas grandes multinacionais. E elas controlam mesmo os governos de todos os países importantes, incluindo a Rússia, a China e os EUA. A economia da China nunca poderia ter crescido da forma que cresceu se não tivesse estabelecido fortes parcerias com grandes multinacionais. E todos estes países são muito dependentes destas empresas, dos presidentes destas empresas, que gostam de baralhar as pessoas, porque constroem muitos mísseis e todo o tipo de armas de guerra. É uma economia gigante. A economia norte-americana está mais baseada nas forças armadas que noutra coisa qualquer. Representa a maior fatia do nosso orçamento oficial e uma parte maior ainda do nosso orçamento não oficial. Por isso tanto a guerra como a ameaça de guerra são muito boas para as grandes multinacionais. Mas não acredito que haja alguém que nos queira ver de facto entrar em guerra, dada a natureza das armas. Penso que todas as pessoas sabem que seria extremamente destrutivo.

Como avalia o trabalho de Barack Obama enquanto presidente dos EUA?
Penso que se esforçou muito por agir bem, mas está numa posição extremamente vulnerável. Assim que alguém entra na Casa Branca, sejam quais forem as suas ideias políticas, os seus motivos ou a sua consciência, sabe que é muito vulnerável e que o presidente dos EUA, ou de outro país importante, pode ser facilmente afastado. Nalgumas partes do mundo, como a Líbia ou o Irão, talvez só com balas o seu poder possa ser derrubado, mas em países como os EUA um líder pode ser afastado por um rumor ou uma acusação. O presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, ver a sua carreira destruída por uma empregada de quarto de um hotel, que o acusou de violação, foi um aviso muito forte a Obama e a outros líderes mundiais. Não estou a defender Strauss-Kahn – não faço a mínima ideia de qual é a verdade por trás do que aconteceu, mas o que sei é que bastou uma acusação de uma empregada de quarto para destruir a sua carreira, não só como director do FMI mas também como potencial presidente francês. Bill Clinton também foi afastado por um escândalo sexual, mas no tempo de John Kennedy estas coisas não derrubavam presidentes. Só as balas. Porém, descobrimos com Bill Clinton que um escândalo sexual – e não é preciso ser uma coisa muito excitante, porque aparentemente ele nem sequer teve sexo com a Monica Lewinsky, fizeram uma coisa qualquer com um charuto que já não me lembro – foi o suficiente para o descredibilizar. Por isso Obama está numa posição muito vulnerável e tem de jogar o jogo e fazer o melhor que pode dentro dessas limitações. Caso contrário, será destruído.

No fim do ano passado escreveu um artigo onde afirmava que a Grécia estava a ser atacada por assassinos económicos. Acha que Portugal está na mesma situação?
Sim, absolutamente, tal como aconteceu com a Islândia, a Irlanda, a Itália ou a Grécia. Estas técnicas já se revelaram eficazes no terceiro mundo, em países da América Latina, de África e zonas da Ásia, e agora estão a ser usadas com êxito contra países como Portugal. E também estão a ser usadas fortemente nos EUA contra os cidadãos e é por isso que temos o movimento Occupy. Mas a boa notícia é que as pessoas em todo o mundo estão a começar a compreender como tudo isto funciona. Estamos a ficar mais conscientes. As pessoas na Grécia reagiram, na Rússia manifestam-se contra Putin, os latino-americanos mudaram o seu subcontinente na última década ao escolher presidentes que lutam contra a ditadura das grandes empresas. Dez países, todos eles liderados por ditadores brutais durante grande parte da minha vida, têm agora líderes democraticamente eleitos com uma forte atitude contra a exploração. Por isso encorajo as pessoas de Portugal a lutar pela sua paz, a participar no seu futuro e a compreender que estão a ser enganadas. O vosso país está a ser saqueado por barões ladrões, tal como os EUA e grande parte do mundo foi roubado. E nós, as pessoas de todo o mundo, temos de nos revoltar contra os seus interesses. E esta revolução não exige violência armada, como as revoluções anteriores, porque não estamos a lutar contra os governos mas contra as empresas. E precisamos de entender que são muito dependentes de nós, são vulneráveis, e apenas existem e prosperam porque nós lhes compramos os seus produtos e serviços. Assim, quando nos manifestamos contra elas, quando as boicotamos, quando nos recusamos a comprar os seus produtos e enviamos emails a exigir-lhes que mudem e se tornem mais responsáveis em termos sociais e ambientais, isso tem um enorme impacto. E podemos mudar o mundo com estas atitudes e de uma forma relativamente pacífica.

Mas as próprias empresas deviam ver que a ditadura das multinacionais é um beco sem saída.
Bem, penso que está absolutamente certa. Há alguns meses estive a falar numa conferência para 4 mil CEO da indústria das telecomunicações em Istambul e vou regressar lá, dentro de um mês, para uma outra conferência de CEO e CFO de grandes empresas comerciais, e digo-lhes a mesma coisa. Falo muitas vezes com directores-executivos de empresas e sou muitas vezes chamado a dar palestras em universidades de Gestão ou para empresários e também lhes digo o mesmo. Aquilo que fizemos com esta economia mundial foi um fracasso. Não há dúvida. Um exemplo disso: 5% da população mundial vive nos EUA e, no entanto, consumimos cerca de 30% dos recursos mundiais, enquanto metade do mundo morre à fome ou está perto disso. Isto é um fracasso. Não é um modelo que possa ser replicado em Portugal, ou na China ou em qualquer lado. Seriam precisos mais cinco planetas sem pessoas para o podermos copiar. Estes países podem até querer reproduzi-lo, mas não conseguiriam. Por isso é um modelo falhado e você tem razão, porque vai acabar por se desmoronar. Por isso o desafio é como mudamos isto e como apelar às grandes empresas para fazerem estas mudanças. Obrigando-as e convencendo-as a ser mais sustentáveis em termos sociais e ambientais. Porque estas empresas somos basicamente nós, a maioria de nós trabalha para elas e todos compramos os seus produtos e serviços. Temos um enorme poder sobre elas. Por definição, uma espécie que não é sustentável extingue-se. Vivemos num sistema falhado e temos de criar um novo. O problema é que a maior parte dos executivos só pensa a curto prazo, não estão preocupados com o tipo de planeta que os seus filhos e os seus netos vão herdar.

Podemos afirmar que esta crise mundial foi provocada por assassinos económicos e rotular os líderes da troika como serial killers?
Penso que é justo dizer que os assassinos económicos são os homens de mão, nós, os soldados, e os presidentes das grandes multinacionais e de organizações como o Banco Mundial, o FMI ou Wall Street, os generais.

Ainda há dias o “Financial Times” divulgou que os gestores financeiros de Wall Street andavam a tomar testosterona para se tornarem ainda mais competitivos. Isto faz parte do beco sem saída de que está a falar?
A sério?! Ainda não tinha ouvido isso, mas não me surpreende nada. No entanto, aquilo que precisamos hoje em dia é de um lado feminino, temos de caminhar na direcção oposta e livrar-nos dessa testosterona. Precisamos de mais líderes mulheres, mulheres reais – não homens vestidos com roupas de mulher, por assim dizer – para trazerem com elas os valores de receptividade e do apoio e encorajarem os homens a cultivar isso neles próprios. Nós, homens, temos de estar muito mais ligados ao nosso lado feminino.

Se fôssemos apresentar esta crise económica à polícia, quem seriam os criminosos a acusar?
Pense em qualquer grande multinacional e à frente dessa multinacional estará alguém responsável pela ditadura empresarial, seja a Goldman Sachs, em Wall Street, seja a Shell, a Monsanto ou a Nike. Todos os líderes dessas empresas estão profundamente envolvidos em tudo isto e, da mesma forma, estão os líderes do FMI, do Banco Mundial e de outras grandes instituições bancárias. Detesto estar a dar nomes, estas pessoas estão sempre a mudar de emprego, por isso prefiro apontar os cargos. Eles estão sempre em rotação, por exemplo, o nosso antigo presidente, George W. Bush, veio da indústria petrolífera. A sua secretária de Estado, Condoleezza Rice, também veio da indústria petrolífera. Já Obama tem a sua política financeira concebida por Wall Street, maioritariamente pela Goldman Sachs. Mudaram-se da empresa para a actual administração norte-americana. A sua política de agricultura é feita por pessoas da Monsanto e de outras grandes empresas do sector. E a parte triste é que assim que o seu tempo expirar em Washington voltam para essas empresas. Vivemos num sistema incrivelmente corrupto. Aquilo a que chamamos política das portas giratórias é só uma outra designação de corrupção extrema.