quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A DEMISSÃO DE CARLOS MULAS



23-01-2013

Co - autor de relatório do FMI para Portugal despedido por fraude

Um dos autores do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a refundação do Estado português foi demitido esta quarta-feira da direcção da Fundação Ideas, que pertence ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), por suspeita de desvio de verbas.
Carlos Mulas é agora obrigado a rescindir contrato com a fundação e a devolver mais de 50 mil euros pagos a uma suposta Amy Martin, uma colunista que escrevia artigos para a instituição e que, na verdade, não existe.
A direcção da fundação investigou o caso e constatou que eram pagos três mil euros por cada artigo, pagamentos de que Carlos Mulas é o único responsável. O PSOE não exclui agora avançar para uma acção judicial na sequência desta notícia de fraude, avançada pelo jornal espanhol "El Mundo".

Num artigo publicado pelo próprio no site da Fundação Ideas, intitulado "Colaboração e confrontação: Os sindicatos e a social-democracia em Espanha", Carlos Mulas termina com um agradecimento a Amy Martin, a suposta colunista que agora a fundação confirma nunca ter existido.
Carlos Mulas, economista e assessor económico do ex-chefe de Governo espanhol José Luis Rodriguez Zapatero, manifestou-se publicamente contra os cortes no Estado no Reino Unido e em Espanha, mas foi um dos autores do relatório do FMI que propõe cortes de quatro mil milhões de euros no Estado português

PODE CONSULTAR AQUI O COMUNICADO DA "FUNDAÇÃO IDEAS" A EXPLICAR A DEMISSÃO DE CARLOS MULAS



28/01/13
Mas hoje a ex-mulher de Granados, Irene Zoe Alameda, explica que foi ela a autora dos artigos escritos sob o pseudónimo Amy Martin, garantindo que o seu ex-marido só soube desse facto na quarta-feira.


Segundo o jornal El Mundo relata que o gerente do PSOE, Xoán Cornide, reuniu-se com Amy Martin, o autor criado pelo ex-diretor da Fundação Ideas, Carlos Mulas e sua esposa, e assinou um contrato com ela, pagando 0, 26 € por cada personagem, incluindo espaços e traduzidos


Imagens Google

"UM CANHÃO PELO CÚ"



Texto que está a incendiar a Espanha




O seguinte texto foi publicado recentemente no El País, tendo-se tornado absolutamente viral em Espanha: comentadores sobre o terrorismo financeiro e a captura económica. Chama as coisas pelos seus nomes e faz uma análise sobre o capitalismo actual que está a incendiar não só Espanha como todo o mundo. O título é "Um canhão pelo cú", e é escrito por Juan José Millas.




UM CANHÃO PELO CÚ


Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.

Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobre protegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres. E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.

Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
Juan José Millas

TERÇA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2013


domingo, 14 de abril de 2013

TRÊS PASSOS PARA RESOLVER A CRISE DO EURO


Três passos para resolver a crise do euro

George Soros 
17/08/11

Uma solução abrangente para a crise da zona euro terá de englobar três componentes fundamentais, diz Soros.
A reforma e recapitalização do sistema bancário; um regime de euro-obrigações; e um mecanismo de emergência são essenciais, segundo o investidor norte-americano.
Em primeiro lugar, temos o sistema bancário. O tratado de Maastricht previu apenas desequilíbrios no sector público; mas os excessos no sector bancário privado têm sido bem mais graves. A introdução do euro levou a uma explosão do sector imobiliário em países como a Espanha e a Irlanda. Os bancos da zona Euro tornaram-se dos mais endividados do mundo e, continuam a ter necessidade de protecção dos riscos das suas contrapartes.
O primeiro passo tomado foi autorizar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira a salvar os bancos. Agora os níveis de capital próprio dos bancos terão de ser muito aumentados. Se uma agência garante a solvência dum banco, têm também de o supervisionar. Uma agência de supervisão bancária poderosa, a nível europeu, poderia acabar com a relação incestuosa entre bancos e agentes reguladores, interferindo mais nas políticas fiscais e menos na soberania de cada nação.
Em segundo lugar, a Europa necessita de euro-obrigações. A introdução do Euro supostamente reforçaria a convergência; na realidade, criou divergências, com níveis muitíssimo diferentes de dívida e competitividade. Se os países altamente endividados têm de pagar juros muito pesados, a sua dívida tornar-se-á insustentável. É o que se passa actualmente. A solução é óbvia: os países deficitários devem poder renegociar a sua dívida nas mesmas condições que os países excedentários.
Este passo pode ser conseguido através da emissão de euro-obrigações, que seriam seguras em conjunto pelos países membros. O princípio parece simples, mas os detalhes requerem muito trabalho. Que agência os emitiria e de acordo com que regras? Presumivelmente, as euro-obrigações seriam controladas pelos Ministros das Finanças da Zona Euro. Este conselho actuaria como contraparte fiscal do Banco Central Europeu; e seria a contraparte europeia do Fundo Monetário Internacional.
O debate centrar-se-á, pois, em torno do direito de voto. O BCE (Banco Central Europeu) opera segundo o princípio de um voto por país; o FMI dá direito de voto de acordo com as contribuições de capital. Qual destes métodos deve prevalecer? O primeiro poderia dar carta branca aos países deficitários para acumularem a sua dívida; o último poderia perpetuar uma Europa a duas velocidades. É necessário um compromisso entre os dois.
Como o futuro da Europa depende da Alemanha e como as euro-obrigações poriam a solvabilidade da Alemanha em risco, qualquer acordo irá colocar a Alemanha na cadeira da liderança. Infelizmente, a Alemanha tem ideias erradas sobre política macroeconómica e quer que a Europa siga o seu exemplo. Mas o que resulta na Alemanha pode não resultar no resto da Europa: nenhum país pode ter uma balança comercial cronicamente superavitária, sem que os outros apresentem défices. A Alemanha tem de concordar com regras pelas quais os outros países se possam também reger.
Estas regras devem conseguir obter uma redução global do endividamento. Devem também permitir aos países com altas taxas de desemprego, como a Espanha, gerir os défices orçamentais. Por exemplo, regras que estabeleçam objectivos para défices ciclicamente ajustados podem resolver amas as questões. Um ponto importante é que estas devem ser susceptíveis de correcção e melhoramento.
O Laboratório Económico Europeu e Mundial de Bruxelas propôs que as obrigações europeias constituam 60% da dívida externa dos membros da zona euro. Mas devido aos juros elevados persistentes na Europa, esta percentagem é demasiado baixa para conseguir condições de concorrência equitativas. Na minha opinião, as novas emissões de títulos deverão ser inteiramente de euro-obrigações, num limite decidido pelo Conselho.
Quantos mais euro-obrigações um país quiser emitir, mais severas devem ser as condições impostas pelo conselho. Este deverá ter competência para impor a sua decisão, pois a recusa de emissão de euro-obrigações adicionais terá de ter um poder dissuasivo final.
Isto leva directamente ao terceiro problema por resolver: o que acontece se um país não quiser ou não puder cumprir as regras acordadas? A incapacidade de emitir euro-obrigações poderia resultar num incumprimento público ou desvalorização. Na ausência de um mecanismo de emergência, isto pode ser catastrófico. Uma medida coerciva que é demasiado perigosa para ser invocada tem pouca credibilidade.
A Grécia constitui um exemplo de coacção e muito depende do desfecho da sua crise. É possível delinear uma saída viável para um país pequeno como este, mas que não será aplicável a um país de maior dimensão como a Itália. Na falta de uma saída viável e global, o regime terá de levar a cabo sanções às quais não se possa fugir - algo como um ministro das finanças europeu, que tenha legitimidade quer política, quer financeira. Tal resolução só poderá surgir após uma reflexão profunda sobre o Euro, tão necessária neste momento (especialmente na Alemanha).
Os mercados financeiros podem não oferecer as condições de moratória necessárias para pôr em prática os novos modelos. Mas sob uma pressão contínua dos mercados, o Conselho Europeu poderá ter de encontrar uma solução provisória ou temporária para evitar uma calamidade. Por exemplo, autorizar o BCE a emprestar dinheiro a governos que não tenham crédito, até estar instalado um sistema de emissão de euro-obrigações. Mas apenas uma coisa é certa: estes três problemas têm de ser resolvidos para manter o Euro como uma moeda viável.

sábado, 19 de janeiro de 2013

EXAME DA 4ª CLASSE

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Exame 4ª Classe 

Antes da aprovação de uma nova Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 46/86)

Quantos licenciados de hoje saberiam responder a metade disto...?
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